O especialista em comunicação e comportamento organizacional Edson De Paula escreve um artigo sobre o ''flow coletivo'' e a importância do seu entendimento e investimento nos ambientes corporativos.
Você já ouviu falar do estado de “flow”?
“Flow” ou “fluxo” em português, é um termo criado pelo psicólogo húngaro Mihály Csíkszentmihályi amplamente utilizado pela psicologia positiva que determina um estado mental onde um indivíduo realiza uma tarefa que desafia e testa os limites da sua habilidade, ficando totalmente imerso e com foco energizado que propicia sentimento de prazer e engajamento completo no processo da atividade”. Quando se está em “flow”, portanto, perde-se a noção de tempo e espaço e existe uma absorção completa naquilo que se faz. É como se fosse um “hiperfoco” em uma atividade que gera prazer com feedback imediato.
Quando você sabe que está em estado de “flow”? Quando termina o seu dia e percebe que passou rápido, valeu a pena fazer o que fez, sentiu prazer no seu trabalho e está ansioso para voltar a trabalhar no dia seguinte. Simples, não é? Mas, quantas vezes já sentiu isso?
Como seria, então, gerar este estado de “flow coletivo” em uma equipe de trabalho?
“Flow coletivo”é um estado que ocorre quando uma equipe está performando no auge de suas habilidades.Para ilustrar, vamos imaginar um cenário muito comum: uma partida de futebol. Você já percebeu o que acontece em um estádio de futebol? Aquela multidão de milhares de pessoas vibrando e torcendo juntas, todas imersas naquele momento único e especial? Perceba que há uma conexão real destas pessoas totalmente engajadas com o momento presente. Se fosse possível, hipoteticamente, perguntar se estão preocupadas com o que aconteceu horas antes no seu trabalho ou o que irá acontecer no dia seguinte, elas não dariam a mínima atenção. Ou seja, neste estado de “flow coletivo” as pessoas querem experimentar o máximo da experiência com a menor sensação de tempo possível. Na atualidade, existe um alto investimento das corporações para aumentar o desempenho coletivo, esta é a maior demanda do mercado. Empresas conceituadas têm investido em soluções que visam desvendar a “fórmula do sucesso” das equipes de alta performance e que propiciam excelentes resultados para a organização. O segredo revelado até o presente momento: a relação das pessoas com a dinâmica no trabalho, incluindo clareza de propósito, metas desafiadoras, porém realizáveis com feedbacks assertivos entre líder e liderados, comunicação empática e, principalmente, um clima de confiança mútua que propicia um comportamento organizacional equilibrado e seguro. Empresas renomadas como o Facebook já descobriram esta “fórmula mágica” de engajamento, o objetivo é colocar o talento humano exatamente posicionado em suas atividades pertinentes e que demandem menos energia e gasto de tempo e recursos. Resumindo: talentos, tarefas e tempos ajustados devidamente, cada um no seu lugar e na máxima performance. A saber: em uma pesquisa realizada pela consultoria Payscale com mais de 35000 profissionais das 20 maiores empresas de tecnologia dos EUA, o Facebook ficou com um índice de 96% dos funcionários mais satisfeitos e menos estressados do setor.
Como gerar, então, esse estado de “flow coletivo”? Para que isso ocorra, primeiramente, é necessário implementar atividades que propiciem um ambiente colaborativo, com clareza de papeis e objetivos bem definidos, além de um clima de confiança mútua. Além disso, as habilidades de trabalho em equipe, comunicação, coordenação e cooperação, são de vital importância, especialmente no que diz respeito à comunicação para a construção de uma consciência coletiva de situação compartilhada, procurando negociar perspectivas e expectativas que possam ser contraditórias ou que venham a inibir a construção do estado de “flow coletivo”.
Como um líder deverá fazer para engajar sua equipe nas atividades, obtendo um estado de “flow coletivo”? Como obter interdependência em metas, tarefas e resultados? Como melhorar o comportamento organizacional obter o engajamento com o propósito?
Baseado nestas perguntas, destacarei a seguir, alguns aspectos importantes que deverão servir de orientação para o líder e sua equipe construírem um estado de “flow coletivo”:
1) Consciência individual da situação
O líder deve procurar engajar individualmente cada membro da equipe com o objetivo a ser trabalhado coletivamente. Enaltecer cada talento, procurando coletar e interpretar informações individuais que possam auxiliar no alcance dos objetivos, adequando o talento à tarefa. Membros da equipe devem ser vistos pelo líder como pessoas únicas com experiências, pontos de vista, conhecimento e opiniões insubstituíveis para contribuir com o grupo. Perguntas que devem ser feitas individualmente: O que você pode oferecer ao time? Qual sua opinião sobre este projeto?
2) Conhecimento compartilhado da situação
As informações coletadas individualmente agora serão compartilhadas pelo líder à equipe e todos os membros obterão uma visão mais ampliada da situação. O objetivo é compartilhar a perspectiva e, principalmente, a expectativa de cada membro da equipe com os resultados a serem obtidos, bem como o impacto das possíveis ações individuais sobre as ações de outros membros, evitando futuros conflitos de opiniões. Perguntas que devem ser feitas à equipe: O que poderemos fazer juntos? Como os nossos esforços individuais serão enaltecidos em equipe?
3) Modelo mental compartilhado
Há, a partir deste ponto, uma estrutura de conhecimentos, opiniões e alternativas que foram coletadas sobre como alcançar o objetivo coletivamente. Esta “mente coletiva” deve ser canalizada para um “propósito coletivo”, onde todos os membros da equipe se sintam engajados, pois todos participaram efetivamente da criação deste propósito. Pergunta ao time: Qual o nosso propósito coletivo?
4) Orientação coletiva
É aqui que o senso de interdependência se manifesta, a orientação coletiva é a propensão que as pessoas possuem de trabalhar em grupo e só ocorre a partir de um propósito coletivo muito bem definido. O papel do líder é fomentar continuamente este propósito e incentivar a equipe ao auxílio mútuo e cooperativo. A equipe torna-se autogerenciável quando cada membro sabe qual é o seu papel, o que os outros esperam e como interage com os outros.A equipe pode se examinar constantemente e melhorar continuamente seus processos, práticas e interação. Pergunta de reforço: Como nossos esforços nos conduzem ao propósito?
5) Feedback e reconhecimento contínuo
Uma das formas mais eficientes de aumentar a confiança na equipe é a abertura do líder e da equipe para dar e receber feedbacks. Mas é preciso ficar atento, pois equipes que compartilham informações abertamente devem também estar preparadas para possíveis vulnerabilidades que geralmente são manifestadas. É preciso, quando isso ocorrer, reforçar o talento e procurar inibir, ao máximo, as interferências. Líder e equipe realizam reuniões de avaliação que avaliam processo e progresso da equipe na aproximação e realização do propósito. Membros da equipe devem ser motivados pelo líder a compartilhar continuamente seus conhecimentos e esforços únicos e, quando isso acontecer, o líder deve sempre reconhecer a contribuição.
Concluindo: compreender e otimizar este estado de “flow coletivo” permitirá uma experiência grupal de engajamento com o propósito das organizações, alinhando talentos, otimizando recursos e, com isso, as equipes estarão mais aptas a trabalhar, criar e almejar de maneira mais feliz e bem-sucedida, seus resultados coletivos.
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Meu nome é Edson De Paula, sou doutorando e mestre em Psicologia pela PUC e Palestrante Especialista em Comunicação e Comportamento Organizacional. Mais de 1500 empresas já foram impactadas pelos meus conteúdos em palestras e treinamentos.
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