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Metaverso e o futuro das interações sociais

Metaverso e o futuro das interações sociais

Quando Neal Stephenson escreveu o romance cyberpunk Snow Crash em 1992 sobre um futuro distópico no qual as pessoas passavam a maior parte de suas vidas em um mundo virtual chamado metaverso não poderia prever que esse termo que cunhou seria associado 30 anos depois para uma nova e disruptiva visão da internet. O fato é que o metaverso - esse um espaço de realidade virtual tridimensional no qual os usuários podem interagir com outros usuários em um ambiente gerado por computador - tem sido amplamente discutido e tido como um salto quântico dessa nova visão digital das experiências sociais, com especial destaque à realidade virtual.

Ao olharmos para os espaços de realidade virtual compartilhados, há uma sensação corporal de estarmos ocupando o espaço em um ambiente (metaverso) no qual interagimos com outras pessoas, inclusive projetando com precisão linguagem corporal e consciência espacial. Podemos manipular objetos virtuais como se fossem reais neste espaço digital, podemos ter um nível geral de interação social não verbal com capacidade de usarmos gestos físicos, diferentemente de uma chamada de vídeo padrão, ou seja, há uma forte sensação de que existe muito pouca diferença entre o ato de socializar virtual ou presencialmente na realidade virtual.

Na sua essência, o metaverso destina-se a conectar pessoas, mas será que isso realmente acontece de forma fidedigna? As possibilidades são imensas, mas chegou o ponto que nossas vidas se tornam cada vez mais virtuais e, portanto, como desvencilhar experiências “reais” das “digitais”? Quais seriam os possíveis efeitos colaterais sociais dessa nova forma de interação e, refletindo um pouco mais, será que eles realmente existem?

'Imaginar-se com um escudo protetivo, envolto em uma redoma digital que, aparentemente, repele o medo da exposição presencial, pode ser algo interessante para soltar as amarras da inibição'

Essa experiência imersiva de participar de um mundo virtual com realidade ampliada usando um avatar digital, uma representação gráfica personalizada para interagir com outros avatares, traz em si a possibilidade da construção de uma “falsa consciência” na qual as pessoas - por detrás de seus avatares - podem se “sentir cada vez mais seguras e protegidas” participando de eventos que no mundo real sequer participariam. Imaginar-se com um escudo protetivo, envolto em uma redoma digital que repele o medo da exposição presencial, pode ser algo interessante para soltar as amarras da inibição.

Criar um design pessoal de sua realidade virtual em um ambiente metaverso pode deixar as pessoas mais livres para expressar suas opiniões, pois o maior medo do ser humano é o de ficar exposto publicamente, sentindo-se vulnerável ou fragilizado diante de uma situação ou diante de um mundo onde “pessoas reais” possam analisar, julgar e criticar. Desse modo, uma pessoa tida com uma característica de personalidade inibida ou introspectiva, não comunicativa e, muitas vezes, mais propensa a ser aversa às relações sociais, poderia se ajustar perfeitamente neste mundo da realidade virtual e até se tornar um excelente influenciador digital, mas isso não significaria que no mundo real e de forma presencial conseguiria sustentar sua performance relacional.

Em contrapartida, pessoas tidas como mais relacionais e extrovertidas, podem ter uma menor adesão à aceitação deste novo modelo de relação social oferecido pelo ambiente metaverso, pois são em sua essência, mais propensas às interações sociais presenciais. Há de se ressaltar também uma reflexão sobre o possível conflito “conveniência” versus “convivência” que irei explicar.

'Com o avanço do metaverso e a quantidade de tempo que as pessoas irão consumir em realidade virtual, o mundo poderá se tornar cada vez mais imersivo e subjetivo'

Por um lado, se essa pseudo-proteção que o metaverso propicia tende a ser mais positiva para pessoas tidas como mais inibidas ou introvertidas - no que diz respeito a conseguirem se expressar mais livremente tanto na sua comunicação quanto nas relações interpessoais - por outro lado, estas mesmas pessoas ao adentrarem na realidade digital do seu próprio design pessoal, poderão começar a acreditar que essa é a “realidade real” dos seus próprios mundos, tornando-se tão incontestáveis que possam não querer retornar à realidade física, presencial dos seus “mundos reais”.

Não há dúvidas, portanto, de que o metaverso transcende as limitações de espaço e tempo, remodela o trabalho, a aprendizagem, as atividades financeiras, as compras e até aumenta a conveniência da vida, mas não há ainda como saber se as relações humanas, as interações sociais serão afetadas.

Histórica e socialmente, interação social sempre foi um conceito mais próximo das ações reciprocas dos indivíduos que convivem em um mundo real. Contudo, não significa que é menos próxima do mundo virtual: é preciso tomar cuidado para que o metaverso não seja um elemento agressivamente facilitador da “conveniência humana” - daquilo que facilita demais a vida encurtando distâncias, como por exemplo ter que sair de casa para assistir um espetáculo, um show ao vivo em um outro país - em detrimento do fator “convivência humana”, pois nada substitui o impacto emocional das relações humanas nas interações presenciais.

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Com o avanço do metaverso e a quantidade de tempo que as pessoas irão consumir em realidade virtual, o mundo poderá se tornar cada vez mais imersivo e subjetivo. Imersivo pela questão de quantidade de tempo dispensado aos aspectos da conveniência humana, de propiciar o encurtamento do tempo, das distâncias, portanto de caráter mais quantitativo. Subjetivo, pois não há como checar a veracidade das informações que irão circular nesse ambiente, não há como saber “quem é quem” quando camuflado e protegido pelo seu avatar.

Esse é o aspecto qualitativo que deve ser levado em consideração dessa possível boa relação do metaverso com a vida real: se existirem bons filtros reguladores, de checagem daqueles que estão por detrás dos seus avatares e das informações que são oferecidas por eles, então qualitativamente, as relações humanas no mundo virtual serão mais saudáveis e seguras.

Concluindo a reflexão, não há como gerar relações interpessoais positivas e duradouras em ambientes - sejam eles reais ou virtuais - que não propiciem confiança mútua entre as pessoas e a credibilidade de informações, apenas desse modo os vínculos digitais se transformarão em vínculos reais entre as pessoas e, desse modo, as tecnologias digitais darão continuidade a um processo fidedigno de interação social.

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